8 de out. de 2011

preconceito

  Quando se destrói um velho preconceito, sente-se a necessidade duma nova virtude. Estou sempre mudando. Fui negra, fui mulata, gorda, fui magra, fui gay, fui heterossexual , fui animal, fui homem. Fui destruição, fui coragem, fui medo, fui  verdade, fui  ontem e sou hoje.
   Contra tudo e contra todos, contra a maldade dos preconceitos inventados pela sociedade, contra indivíduos presos numa espiral de contrariedades, contra a violência, contra a impaciência, contra a intolerância que me traz à consciência do hoje que me torno mais; vigilância. Contra os poucos, contra muitos, contra os fracos, contra os mudos.
  Neste mundo é necessário ter voz, fazer-se ouvir, e não calar e deixar rolar a roda a imperfeição dentro de mim, que sou perfeita dentro das virtudes e das falhas que me fazem ser  eu , este eu que é meu, só meu, mas que quero e vou, dividir com outros. Não posso cegar-me diante da escuridão, não ser surda ao ponto de não ouvir os gritos da multidão. Multidão que me segue, me puxa, machuca e ama, e também quer ser amada, essa multidão dos excluídos, que querem inclusão.
   Vou correndo, vou caminhando, vou voando, para onde não sei, só sei que vou, vou contra os pensamentos de jovens filhos da ignorância, vou contra velhos pais do preconceito, vou  caminhando lutando, numa disputa interna entre o eu que quer aceitar o eu que quer ignorar, o eu que quer lutar e eu que quer vacilar. Mas continuo veloz, dentro da minha própria voz, gritando, berrando, esperneando.  Estou viva, e vou dizendo para todos, para amigos, para inimigos, para afins, para o sim e para o não.
  Nunca é tarde para abrirmos mão de nossos preconceitos. Pois que somos filhos da luz, somos netos, bisnetos, tataranetos da diversidade.  Somos diferentes, sem deixar para trás a igualdade, somos imperfeitos, mas temos virtudes, somos multicoloridos, mas somos a humanidade. Então sem perder-me em antíteses, somos a nacionalidade quando escolhemos abrir os olhos, gritar e ouvir, estamos perto de nunca mais sentir o peso do insulto. Nós somos o Mundo.

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