16 de out. de 2011

o medo

  Covarde, enfrento os dias nas memórias de ourtas vidas, outros tempos. Sinto a tempestade dentro da alma revirar e criar  novos medos, novos desejos, novos pesadelos, sinto vontade de gritar, vontade de correr, vontade de brilhar, vontade de me esconder, sinto raiva e paixão. Quero um minuto de atenção e ganho somente horas de solidão. O medo assola, avassala, cala. Estou fria de tanta vergonha em quem me transformei, mas quente de tanto orgulho por quem revelei ser e neste ser vi muito, muito amor, muita dor, muito rancor, muito carinho, pelo caminho vou espalhando minhas sementes, o medo enxerga longe, já eu sou miope.
  Coragem, coragem é uma palavra que algumas pessoas escolhem para se definir como traço mais forte do ser humano. Coragem, é a palavra mais viva que eu deveria compreender a fundo, e não me esconder em um mundo criado na loucura, um mundo violado, escuro e cinza, feio e belo, como o mar de onde se erguem meus castelos. Eles brotam do profundo oceano e lá a empatia reina, porém, o reinado pode ser tomado pelo medo de viver, medo de se perder, medo de sobreviver ao mundo aqui fora, aqui dentro. 
  Doentes, somos a fraqueza que nos remete ao pântano das ilusões, doentes, somos a tristeza que nos isola da compreensão das emoções. Fracos, tristes, doentes estamos esquecendo. Quando esquecemos a identidade, esquecemos também a realidade. Em verdade, somos filhos da vida, somos imortais, e com palavras escritas, somos ainda geniais dentro dos padrões mais medíocres das palavras. Escolhendo sempre as palavras mais belas, eis que a beleza contida na palavra "inefável" é indescritível e serve, serve para ultrapassar o medo. Quando temos com quem, e por quê, sabemos ser medrosos, covardes, corajosos, doentes, inefáveis.

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