Estou sempre buscando a morte em vida, sempre procurando entender o porquê de tanto sofrimento numa passagem tão singela e tão natural. Quero a minha, a minha vez, minha morte, meu amor, nos cantos em que somente existe dor...Somente quero enxergar meu limite, meu eu, meu adeus.
Talvez o mundo fosse melhor se eu pensasse menos, fechasse os olhos e sonhasse que o adeus é apenas mais uma palavra e nada mais. Talvez o mundo fosse melhor se eu sentisse menos, cobrasse menos de mim mesma e continuasse nesta luta de perder-me mais. Não sei.
23 de out. de 2011
16 de out. de 2011
o medo
Covarde, enfrento os dias nas memórias de ourtas vidas, outros tempos. Sinto a tempestade dentro da alma revirar e criar novos medos, novos desejos, novos pesadelos, sinto vontade de gritar, vontade de correr, vontade de brilhar, vontade de me esconder, sinto raiva e paixão. Quero um minuto de atenção e ganho somente horas de solidão. O medo assola, avassala, cala. Estou fria de tanta vergonha em quem me transformei, mas quente de tanto orgulho por quem revelei ser e neste ser vi muito, muito amor, muita dor, muito rancor, muito carinho, pelo caminho vou espalhando minhas sementes, o medo enxerga longe, já eu sou miope.
Coragem, coragem é uma palavra que algumas pessoas escolhem para se definir como traço mais forte do ser humano. Coragem, é a palavra mais viva que eu deveria compreender a fundo, e não me esconder em um mundo criado na loucura, um mundo violado, escuro e cinza, feio e belo, como o mar de onde se erguem meus castelos. Eles brotam do profundo oceano e lá a empatia reina, porém, o reinado pode ser tomado pelo medo de viver, medo de se perder, medo de sobreviver ao mundo aqui fora, aqui dentro.
Doentes, somos a fraqueza que nos remete ao pântano das ilusões, doentes, somos a tristeza que nos isola da compreensão das emoções. Fracos, tristes, doentes estamos esquecendo. Quando esquecemos a identidade, esquecemos também a realidade. Em verdade, somos filhos da vida, somos imortais, e com palavras escritas, somos ainda geniais dentro dos padrões mais medíocres das palavras. Escolhendo sempre as palavras mais belas, eis que a beleza contida na palavra "inefável" é indescritível e serve, serve para ultrapassar o medo. Quando temos com quem, e por quê, sabemos ser medrosos, covardes, corajosos, doentes, inefáveis.
15 de out. de 2011
pensando em antíteses
Penso em tudo o que ficou, tudo o que restou. Faço-me de restos, vivos ou mortos, faço-me de fragmentos, faço-me de vento. Estou na esperança de alcançar a nova fase da vida, fase em que mais sou do que fui, mais amo do que odeio, mais mereço do que desperdiço. E com o tempo eu penso...Penso na verdade, na mentira, na ilusão, na realidade, na loucura, na prisão, na liberdade, penso na cura. Cura para a doença do desespero, cura para o medo, medo que me torna prisioneira na mesma luta. Acordar todos os dias e enfrentar a insanidade pura, enfrentar sentimentos que mesmo quando compreendidos são por mim, temidos.
Penso no que irá se transformar, a morte transformada em vida, simples versos em melodias, amor em poesia, dor em harmonia, fantasia em realidade, abstrato, um dia será concreto. Ideas vagas que infeccionam a mente perdida em ilusão. Vão coração que bate descompassado, ao rítmo do abraço, este gesto tão simples que nos une como um laço. Um laço de magneficência. O que outrora fora rancor, hoje, enquanto o dia se permite um fim, é razão. A razão de pertencer a um mundo que nos é belo e violento, de um tempo que nos é veloz e lento. Somos todos e ninguém ao mesmo tempo, somos o desafio, somos a paixão, somos o companheirismo, somos a solidão.
Precisamos, neste pequeno espaço que nos foi dado, exercitar a mente e o ócio reflexivo, precisamos do que é são e do que é nocivo, precisamos do que é doce e amargo. Precisamos da coragem e eis que vem o medo. Pensando no que passou, no que hoje é, no que irá ser, eu sei, que pertencemos a uma humanidade que pode ser fria, mas quer o calor, pode ser insuportavelmente vazia, mas preenche o vazio com amor. Pensando, eu até entendo, no entanto, entre tanta simplicidade, mais me confundo na perplexidade, quando penso na vida, no amor, no mundo.
com o coração
Com o coração
Para a Ni
Um dia a borboleta voou,
Neste dia o anjo chorou,
Mas não pela tristeza,
E sim pela beleza
De encontrar dentre tantas lágrimas,
Uma certeza, de que o belo,
Não está na perfeição do castelo,
Mas na simplicidade do elo
Que junta amor e compaixão.
Dor e coração ao mesmo ritmo.
Na paixão do próximo
Pelo próximo distante,
Pelo o ontem, o hoje e o que vier adiante.
meus limites
Às vezes, caminhando ao som do meu próprio coração, sinto a brisa acariciar-me o rosto e vejo ao redor uma vida de gozos e desgostos, vejo o sorriso, mas também vejo a lágrima. Vejo o perdão, mas também vejo ilusão. Às vezes, caminhando, observando os vivos, sinto saudade dos mortos, e realidade se estende à dor, a verdade parece não ter sabor de emoção e as ondas do som que escuto no caminho se perdem na imensidão do ninho.
O carinho que demonstro, o carinho que espalho, é orvalho e evanesce com a luz do sol. Sol que vem para aquecer e queimar, queimar uma pele tão fina e sem proteção. Às vezes ao sorrir penso no que vou transmitir. Amor, carinho, consideração, empatia, compaixão, harmonia. Tudo isso é vida, mas por algum motivo, caminho em busca morte.
Vejo o amor invadir a alma do poeta, porém a dor, inquieta, está sempre um passo a frente, sempre presente, sempre aqui e depois distante. E não se faz desaparecer. Essa dor que pede compreensão, não é a dor da saudade, não é dor de enlouquecer, não é a dor do medo, não é a dor da realidade, mas é sim, a dor da liberdade. Essa mesma liberdade que aprisiona na imaginação os vários dias de rotina, que parecem não pertencer a mim.
Se a liberdade fosse realmente livre não ficaria apenas na mente, seria a semente de novas paixões. Novas ilusões que me fizeram chegar até aqui acompanhada sempre do medo, da angústia, da vergonha, da fúria. E cheguei. Chego ao meu limite, descobrindo que tenho novos limites a transpassar, uma nova vida a frente para caminhar.
E às vezes, caminhando ao som do meu próprio coração, eu vejo o tempo passar com as nuvens no céu, vejo o véu da loucura ultrapassar a luz, vejo meu nome entre muitos nomes reais. A consciência segue cega e o amor quanto mais longe for me alcança, como o vento, ele sempre chega, chega e me abraça. Esse abraço é quente, mas não queima, é apertado, mas não sufoca e assim eu continuo caminhando, sempre presente, sempre distante.
9 de out. de 2011
para Josi
Há momentos em que somos responsáveis por aqueles que cativamos. Como já dizia o pequeno príncipe. Há momentos em que tudo parece evanescer ao poucos, como a neblina que se dissipa com o sol. Com a chegada de novos desafios, precisamos mais do que nunca dos amigos, velhos, novos, constantes, esporádicos. Somos feitos para isso,para amar, para estarmos juntos.
Estamos sempre em direção a algum objetivo, algum sonho que nos escapa e que agora queremos retomar. Há chances, há vida, há oportunidades. Estamos sempre carregando a cruz de outro, mas isso é porque sentimos dentro de nós uma força maior. Uma força que nos faz confiantes o suficiente para recomeçar, viver, amar, driblar as armações do destino, como se não houvesse de fato, um destino. Estamos juntos no amor, era essa a frase preferida da tia Beth, uma pessoa que deixou marca nas pessoas com quem conviveu, pois amou muito mais do que dela se exigia.
E você, minha cara amiga de sextas, também pode ser e estar junta no amor, esse amor que lhe deu vidas para guiar, e amigos em quem confiar. Sou jovem eu sei, sobrevivi a suicídios, mortes, assédios, vícios e isso me transformou em algo, o que ou quem é isso em que me transformei, eu não sei, sei menos que muitos, e mais que poucos sobre a essência do ser. Mas sei, onde eu estiver, meus amados amigos, meus inimagináveis companheiros de estrada, estarão comigo. Juntos para chorar, juntos para rir, juntos para brincar, juntos para aprender, juntos para harmonizar, juntos para quebrar tabus, juntos para espalhar um amor que se fez distante em alguns momentos, mas que se faz próximo mesmo quando a vida diz; " é hora de partir".
Então partiremos, mas caminhando no mesmo passo, para o amanhã, no hoje, do passado que ficou distante, caminhando para cima, as vezes olhando para baixo, para ver o que ficou, o que restou de quem um dia foi, mas que agora se ergue e segue para um futuro incerto, mas com muitas surpresas. Um futuro de muita alegria e beleza, um futuro de paz, sorrisos, harmonia e amor e por que não a dor, pois que quem nunca sentiu a dor, não pode dizer que viveu, que cresceu.
8 de out. de 2011
preconceito
Quando se destrói um velho preconceito, sente-se a necessidade duma nova virtude. Estou sempre mudando. Fui negra, fui mulata, gorda, fui magra, fui gay, fui heterossexual , fui animal, fui homem. Fui destruição, fui coragem, fui medo, fui verdade, fui ontem e sou hoje.
Contra tudo e contra todos, contra a maldade dos preconceitos inventados pela sociedade, contra indivíduos presos numa espiral de contrariedades, contra a violência, contra a impaciência, contra a intolerância que me traz à consciência do hoje que me torno mais; vigilância. Contra os poucos, contra muitos, contra os fracos, contra os mudos.
Neste mundo é necessário ter voz, fazer-se ouvir, e não calar e deixar rolar a roda a imperfeição dentro de mim, que sou perfeita dentro das virtudes e das falhas que me fazem ser eu , este eu que é meu, só meu, mas que quero e vou, dividir com outros. Não posso cegar-me diante da escuridão, não ser surda ao ponto de não ouvir os gritos da multidão. Multidão que me segue, me puxa, machuca e ama, e também quer ser amada, essa multidão dos excluídos, que querem inclusão.
Vou correndo, vou caminhando, vou voando, para onde não sei, só sei que vou, vou contra os pensamentos de jovens filhos da ignorância, vou contra velhos pais do preconceito, vou caminhando lutando, numa disputa interna entre o eu que quer aceitar o eu que quer ignorar, o eu que quer lutar e eu que quer vacilar. Mas continuo veloz, dentro da minha própria voz, gritando, berrando, esperneando. Estou viva, e vou dizendo para todos, para amigos, para inimigos, para afins, para o sim e para o não.
Nunca é tarde para abrirmos mão de nossos preconceitos. Pois que somos filhos da luz, somos netos, bisnetos, tataranetos da diversidade. Somos diferentes, sem deixar para trás a igualdade, somos imperfeitos, mas temos virtudes, somos multicoloridos, mas somos a humanidade. Então sem perder-me em antíteses, somos a nacionalidade quando escolhemos abrir os olhos, gritar e ouvir, estamos perto de nunca mais sentir o peso do insulto. Nós somos o Mundo.
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