Distância, abrimos as portas, as janelas, abrimos entradas onde não se pode encontrar saídas. Deixamos fluir, entrar, existir. Fazemos rir, sorrir, amar, encontrar um doce lar, gentil, da infância, de lembrança pueril. Distância, tudo se perde entre gigantes, a alma reconhece instantes em que o mundo emudeceu. Nas vozes da noite a solidão se perdeu. Abrimos o coração, com medo, com vergonha, com desconfiança e esperança. Esperança de que na verdade, os sentimentos não estivessem vazios, frios. De que os sorrisos não foram em vão, de que o abraço não fora na realidade, um aperto de mão.
Distância, a criança grita no silêncio, amor nobre que machuca, expulsa a dor, segue e enxerga a beleza, morre, viaja com as estrelas, corre, voa com o vento. O pensamento divaga pela mesma distância que se abriu, a consciência se apaga, aos poucos se cala e o carinho de outros é muito, mas também é pouco. Muito fora esquecido entre momentos desperdiçados no medo, no silêncio, na vergonha, na rejeição, nesse amor profundo, ferindo a ilusão.
Esperança de quebrar o espelho, enxergar além do reflexo irreal. Esperança de que mesmo distantes ainda podemos fazer muito com o pouco que aprendemos. Com o tanto que escolhemos viver, todos os dias em que não morremos. Esperança de que um dia a vida seguirá inteira, com todos os pedaços em laços, formando o verdadeiro coração. E o abraço carinhoso perderá o som do abandono, em lágrimas as palavras serão eternas, marcando para sempre o final e o começo, o valor de um amor sem preço.
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