Como uma flor que desabrocha em pedras, o amor nasce das trevas. Sinto o toque, vejo a imagem, sinto o abraço, entendo linguagens. Interpretando poemas aprendi sobre o amor, mas apenas escrevendo, o revelei para mim. No fim, somos todos iguais, amamos mais ou menos, alguns amam intensamente, outros preferem a suavidade. Eu prefiro as cores no emaranhado da realidade. Uns aprendem com alegria, expressam a força que os guia para uma nova vida, outros aprendem forçados a compreender o incompreensível.
Mil poetas já cantaram o amor, uns o definindo ou tentando definir, outros exaltando a dor de amar sem ter fim. Mas se escrevem é por sentir, sentir que a vida vale a pena, que é pequena a dor de saber amar com paixão, com precisão no ser amado. Sem glorificar, apenas na ação de chorar, chorar em lágrimas, chorar em palavras, chorar em abraços, chorar aos pedaços, chorar tudo, ou chorar mudo.
Sinto que preciso imaginar um amor que me quer, algo maior, algo melhor, algo enaltecedor, algo no terror me faz perder tempo, perder música, perder medo, perder assistindo ao espetáculo de um ser conseguir em pouco tempo amar outro ser, com todas as virtudes e imperfeições, com todos os medos e idealizações. Com o poder de dizer que ama enquanto sorri e que ama ainda enquanto chora. Mora dentro de cada um de nós, um perdão e uma gratidão, para quem direcionar esses sentimentos? Uns dirão, a Deus, que nos fez assim, capazes de amar, outros dirão para nosso amor correspondido, por nos aceitar.
Digo que embora sejamos imperfeitos ainda e nos magoamos e erramos, e sentimos dor, e nos pesa o coração ao sofrer e ver que outros também sofrem; tudo nos é, em tempo certo, esclarecido. Se no amor o sofrimento se infiltra, filtra o sofrer e deixe fluir a compreensão. Não somos feitos para morrer, passar pela vida e deixa-la como a encontramos, somos humanos e nada nos impede de ir em frente, deixar marcas, cicatrizes. Quem um dia imaginamos ser, talvez não sejamos mais, incompletos, procuramos a essência de cada ser, e eu imagino que a vida nos quer amando, mais, menos, com dor, sem dor, intensamente, suavemente, no mais profundo recôndito da alma, ou na leveza da lágrima, amamos, pois que somos humanos.