17 de mar. de 2012

Vestígios


  Quantas vezes você saiu de um lugar qualquer, deixando uma marca só sua para trás? Pode ser tão concreta quanto um pedaço de papel, com uma mensagem ou seu nome assinado ou tão abstrata quanto um sorriso que ficou marcado no coração de alguém que estava com você, ou passou por você ou simplesmente olhou em sua direção num momento completamente espontâneo. Pode ser uma marca evanescente como um perfume ou uma duradoura como um abraço que deixa resquícios seus no outro.
 Quantas manhãs você saiu apressadamente de casa, esquecendo-se de arrumar a própria cama? Isso também é o seu vestígio dentro de um mundo que poucas vezes o percebe. Você se deitou a noite, adormeceu, talvez sonhou, acordou, quem sabe não sorriu ou chorou, ou fez as duas coisas e finalmente deixou para trás a história da noite anterior.
  Quando foi a última vez que você ficou tão contente de reencontrar alguém que as palavras fugiram da sua boca? E tudo o que restou foi um grande e silencioso sorriso, enfeitado ou não por lágrimas de alegria. O seu silêncio também foi sua marca, foi um momento em que as palavras foram apenas expectadoras de algo inefável. A sua marca não precisa estar visível, pode ser simplesmente sensível em você e em quem você deixa sua marca.
 Quando foi a última vez em que, escrevendo uma carta, um poema ou um texto qualquer, você deixou que uma lágrima solitária fizesse um pontinho enrugado no canto do papel? Essa lágrima está perdida num contexto que somente você e quem você permitir ler seu momento de sensibilidade, serão capazes de compreender, que naquele instante essa lágrima deixou um fragmento seu entre palavras imortais. Quantas marcas você é capaz de deixar nas pessoas que estão sempre com você? As marcas que você deixa no mundo hoje, realmente expressam aquilo por que você quer ser lembrado? Ou está na hora de pensar em mudar, transformar a efemeridade no inesquecível?

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