25 de jul. de 2010

suicídio

Suicídio



Que lastimável fim, levou aquele que deu a fim à vida que enfim, valia muito mais que apenas os fracassos de um ser escarniado entre muitos invisível para o além da dor e do vazio. Não teve coragem de enfrentar seus demônios, e num gesto errôneo de paixão pelo fim esqueceu daqueles que lhe queriam bem.
Que inefável prazer podia ter sentido se a sua volta visse amigos e não companheiros de dor, sem o calor do abraço de quem querem e ajudam, nesta vida, há sim quem não está perdido e busca mostrar a este ser que é querido entre tantos outros amigos cujo abrigo melhor havia de lhe acolher. Mas não, o suicídio falou mais alto no ouvido farto de palavras duras, cheias de amarguras de outras criaturas que não o queriam ali.
Que lamentável morte diz a sorte de outros nos quais no vazio se faz preencher de amor de carinho dos poucos no caminho que lhes enxergaram o olhar quebrado, mas souberam receber com braços largos de tanto amar o que o ser não soube enxergar. Cativar nas risadas as poucas palavras que o ser deixou de cantar, abraçar entre lágrimas a despedida desse adeus breve e ininteligível que o ser esqueceu de deixar. Mas há quem lembre do ser onipresente entre tantos que deixou de tocar com seu sorriso brando e no seu carisma o encanto de quem ainda quis tentar.
Que inesperável lembrança alguns hão de carregar na memória até um dia não mais nascer o sol,para tantos cujos prantos não traz de volta o ser suicida que desistiu da vida, para simplesmente viver em outra vida a dor da qual quis fugir, ah, mas o amor há de surgir até para ele que canta solitário entre vários outros sofredores de onde este mesmo amor esqueceu de emergir. Enquanto houver abraços haverá vida e nada há de apagar o carinho com que o ser foi recebido ao finalmente chegar no que será seu novo lar.

ser eu ou não ser, não hoje

Há momentos em que eu quero estar mais em mim, mas sempre estou fora, pensando onde poderia estar, falar,cantar, sorrir, brincar, simplesmente ser o eu que aqui dentro fica preso no emaranhado de coisas frias e tristes. Há momentos em que percebo o erro de ser pensamento e não criatura. Se ao menos pudesse estudar esses momentos eu pensaria menos e seria mais eu.

Há estórias que merecem enredos para serem contadas, palavras, canções, esbarro em emoções sem nada temer a não ser eu. Há contos que me levam, e personagens que deleto para não lembrar que suas perturbações também são minhas, como as gotas transformadas em chuva. E quando tenho chuva, quero um rio.

Estou perdendo o sentido do presente e pensando demais, demasiadamente pensamentos que nem sequer serão meus daqui a pouco tempo, serão do tempo e da criatura que não quer estar mais em mim. Pecado não deixar que os pensamentos vaguem no tempo, no espaço em que lhes dou na mente de alguém que semeia sonhos para colher fantasia, nossa que doce melodia me acompanha nos momentos mais meus, e me irrita saber que meus mesmo, são apenas os pensamentos; a realidade fica presa a teia que tece a aranha dos meus pesadelos. Quanto tempo posso perder em momentos como aquele ou este em quem paro para sentir temendo os sentimentos que vêem se manifestar como palhaços no circo a brincar de ser criança e tomam conta do espetáculo com brincadeiras e truques. Truques que minha mente pode pregar, mas que a mesma mente não consegue apagar.

Um segundo, e não sou mais nada do eu que era há um segundo, ficou no passado a ser lembrado apenas por mim e o monte de pensamentos deixados no tempo. Um segundo e tudo se espelha na canção que diz que nada do que foi será... Será hoje ou amanhã? Será que um dia eu chegarei a alcançar o ser de ser completo? Sem fragmentos do ser ainda aberto aos ventos do entardecer? Amanhã, hoje não sou mais, deixo para ser amanhã.